E foi dessa forma, que no dia 12/07/2011 eu saí da maternidade. Com o nascimento da minha filha agendado para o dia seguinte.
E foi assim, que no dia 12/07/2011 eu saí do hospital. Com o nascimento da minha filha agendado para o dia seguinte. E eu que estava sozinha, dirigindo para minha casa na verdade estava sem direção.
Quando cheguei em casa, comecei a me tranquilizar. Comecei a relembrar tudo o que o médico dizia e quais os motivos alegados para me fazer uma cesárea "de emergência". Conforme ia lembrando de cada palavra, comecei a discordar. Conversava com outras pessoas, procurava informações, recorri a um amigo obstetra, que estava fora do país... E eu estava certa: nenhum dos motivos alegados parecia ser uma real indicação de cesárea.
Mas, e se? E se o médico realmente tivesse razão, e se tudo aquilo realmente indicasse uma cesárea? E se eu estivesse errada? E se eu insistisse e acontecesse alguma coisa com a minha filha? Ao mesmo tempo que essas dúvidas martelavam na minha cabeça, eu sabia, lá no fundo, que eu estava certa. Eu busquei durante 09 meses me informar e me preparar para um parto normal. Eu queria bater de frente, jogar tudo pro alto e esperar... Mas diante de um médico bem filho da puta que deixa bem claro que não se responsabiliza por qualquer eventual problema, você arriscaria? Pois eu não arrisquei.
Fui deitar e dormir acreditando que quem sabe eu pudesse entrar em trabalho de parto antes da manhã seguinte. Mas como era de se esperar, nada aconteceu. Acordei, bem antes do despertador tocar e comecei a entrar em desespero. Começou a cair a ficha realmente e o choro foi incontrolável. Não queria aquela cesárea, não tinha sonhado com isso, não tinha planejado isso, eu sequer tinha entrado em trabalho de parto. Queria desistir, queria esperar, queria abandonar os médicos do convênio, queria ter a minha filha pelo SUS.
Mas diante do diagnóstico médico, diante de uma família inteira que fez cesárea, diante da ansiedade do nascimento da minha filha, ninguém me apoiou. Nem meu namorado, nem meu pai e nem a minha mãe. Retiro o que disse, na verdade, apoiaram sim, da forma que puderam. Apoiaram dizendo que o que importava era o bebê e não a forma como ele viria ao mundo, que parto normal ou cesárea não modificariam a nossa ligação. O que realmente é verdade. Mas eu poderia dar um nascimento mais digno para minha filha. E tudo o que eu precisava era que alguém dissesse para eu esperar... Mas não aconteceu.
Cheguei no hospital um pouco menos nervosa. Mas não tranquila. Os papéis da internação ainda não estavam prontos, o meu médico estava em outra cesárea e eu tinha que esperar. E eu esperei. Ali na sala de espera da maternidade, com tantas outras grávidas esperando atendimento. Acredito que o medo e o nervosismo estavam estampados na minha cara, porque todas as pessoas que estavam ali me questionavam se eu estava me internando para o nascimento da minha filha. Diante da resposta afirmativa, algumas grávidas invejavam essa hora tão esperada... E eu ali, querendo esperar mais.
Ali, naquele hospital, enquanto eu esperava, tentava de alguma forma explicar para minha filha que o grande dia havia chegado. Queria de alguma forma, minimizar o susto que ela iria tomar. Imaginava que ela estava quietinha, sem nem imaginar o que viria acontecer. Sentia que era minha obrigação tentar alertá-la. Mesmo que ela não entendesse. Então em cada minuto de espera eu pensava, pedia para ela entender que eu não tinha tido coragem de discutir com o médico, mas que queria o melhor pra ela. Não era justo com ela ser retirada de surpresa. Eu sabia, lá no fundo, que ainda não era a hora.
Depois de uma hora de espera, me chamaram para descer e assinar a documentação. Foi o que fiz. E ali, na recepção da maternidade eu tomei a minha posição. A de aceitar a cesáre. Tenho real consciência de que foi uma opção minha. Poderia sim, ter desistido, poderia sim ter ido embora. Mas não o fiz. Não me arrependo, diante de tais circunstâncias aceitei que fiz o melhor que poderia ter feito, porém não deixo de pensar que tudo poderia ter sido diferente, que poderia pelo menos ter esperado entrar em trabalho de parto. Poderia.