Sobre o Nascimento - Parte II

E foi dessa forma, que no dia 12/07/2011 eu saí da maternidade. Com o nascimento da minha filha agendado para o dia seguinte.
E foi assim, que no dia 12/07/2011 eu saí do hospital. Com o nascimento da minha filha agendado para o dia seguinte. E eu que estava sozinha, dirigindo para minha casa na verdade estava sem direção.

Quando cheguei em casa, comecei a me tranquilizar. Comecei a relembrar tudo o que o médico dizia e quais os motivos alegados para me fazer uma cesárea "de emergência". Conforme ia lembrando de cada palavra, comecei a discordar. Conversava com outras pessoas, procurava informações, recorri a um amigo obstetra, que estava fora do país... E eu estava certa: nenhum dos motivos alegados parecia ser uma real indicação de cesárea.

Mas, e se? E se o médico realmente tivesse razão, e se tudo aquilo realmente indicasse uma cesárea? E se eu estivesse errada? E se eu insistisse e acontecesse alguma coisa com a minha filha? Ao mesmo tempo que essas dúvidas martelavam na minha cabeça, eu sabia, lá no fundo, que eu estava certa. Eu busquei durante 09 meses me informar e me preparar para um parto normal. Eu queria bater de frente, jogar tudo pro alto e esperar... Mas diante de um médico bem filho da puta que deixa bem claro que não se responsabiliza por qualquer eventual problema, você arriscaria? Pois eu não arrisquei.

Fui deitar e dormir acreditando que quem sabe eu pudesse entrar em trabalho de parto antes da manhã seguinte. Mas como era de se esperar, nada aconteceu. Acordei, bem antes do despertador tocar e comecei a entrar em desespero. Começou a cair a ficha realmente e o choro foi incontrolável. Não queria aquela cesárea, não tinha sonhado com isso, não tinha planejado isso, eu sequer tinha entrado em trabalho de parto. Queria desistir, queria esperar, queria abandonar os médicos do convênio, queria ter a minha filha pelo SUS.

Mas diante do diagnóstico médico, diante de uma família inteira que fez cesárea, diante da ansiedade do nascimento da minha filha, ninguém me apoiou. Nem meu namorado, nem meu pai e nem a minha mãe. Retiro o que disse, na verdade, apoiaram sim, da forma que puderam. Apoiaram dizendo que o que importava era o bebê e não a forma como ele viria ao mundo, que parto normal ou cesárea não modificariam a nossa ligação. O que realmente é verdade. Mas eu poderia dar um nascimento mais digno para minha filha. E tudo o que eu precisava era que alguém dissesse para eu esperar... Mas não aconteceu.

Cheguei no hospital um pouco menos nervosa. Mas não tranquila. Os papéis da internação ainda não estavam prontos, o meu médico estava em outra cesárea e eu tinha que esperar. E eu esperei. Ali na sala de espera da maternidade, com tantas outras grávidas esperando atendimento. Acredito que o medo e o nervosismo estavam estampados na minha cara, porque todas as pessoas que estavam ali me questionavam se eu estava me internando para o nascimento da minha filha. Diante da resposta afirmativa, algumas grávidas invejavam essa hora tão esperada... E eu ali, querendo esperar mais.

Ali, naquele hospital, enquanto eu esperava, tentava de alguma forma explicar para minha filha que o grande dia havia chegado. Queria de alguma forma, minimizar o susto que ela iria tomar. Imaginava que ela estava quietinha, sem nem imaginar o que viria acontecer. Sentia que era minha obrigação tentar alertá-la. Mesmo que ela não entendesse. Então em cada minuto de espera eu pensava, pedia para ela entender que eu não tinha tido coragem de discutir com o médico, mas que queria o melhor pra ela. Não era justo com ela ser retirada de surpresa. Eu sabia, lá no fundo, que ainda não era a hora.

Depois de uma hora de espera, me chamaram para descer e assinar a documentação. Foi o que fiz. E ali, na recepção da maternidade eu tomei a minha posição. A de aceitar a cesáre. Tenho real consciência de que foi uma opção minha. Poderia sim, ter desistido, poderia sim ter ido embora. Mas não o fiz. Não me arrependo, diante de tais circunstâncias aceitei que fiz o melhor que poderia ter feito, porém não deixo de pensar que tudo poderia ter sido diferente, que poderia pelo menos ter esperado entrar em trabalho de parto. Poderia.

Sobre o Nascimento - Parte I

Nunca falei sobre o nascimento da Alice. Nem neste blog e nem no antigo. Nunca falei porque na verdade é uma situação que apesar de feliz, ficou muito mal digerida por mim. Eu não pari, não no sentido fisiológico da coisa. Alice veio ao mundo através de uma cirurgia, de uma cesárea, que aliás foi desnecessária. Só hoje, mais de 3 meses depois, eu tive coragem e vontade de falar sobre isso.

Abro aqui um parenteses. Antes de receber a notícia do positivo, eu nunca havia sequer cogitado a possibilidade de um dia me tornar mãe. Minha vida era no melhor estilo de sexo, drogas e rock'n roll que poderia existir e eu queria que ela continuasse assim. Portanto, sequer havia passado pela minha cabeça que um dia eu teria que optar por cesárea, parto normal, parto natural. Fecha parenteses.

Quando descobri que ia ser mãe, minha primeira preocupação foi qual seria o meu médico. Escolhi um médico de confiança. Aquele que fez o parto do nascimento da minha irmã, aquele que ainda acompanhava a minha mãe depois de tantos anos. Não era um médico muito simpático, era bem seco, no melhor estilo Dr. House de ser. Mas era tão bem recomendado, médico muito requisitado, tradicionalíssimo na cidade que eu não tinha dúvidas: seria aquele o médico que estaria ao meu lado durante esse momento tão importante. Burra.

Só que, durante a gravidez, eu mergulhei de vez nesse mundo da maternidade. Passava horas procurando informações, lendo, aprendendo. Questões como parto normal ou cesárea foram aparecendo naturalmente e naturalmente também eu fui fazendo as minhas escolhas. Nada me parecia mais normal do que um parto normal. Comecei a trabalhar os medos que ainda existiam em mim e quando vi, estava determinada a ter um parto normal, com o mínimo de intervenções possíveis.

O pré natal foi tranquilo. Sempre que questionado sobre o parto, se mostrava favorável a um parto normal. Afinal, nenhum risco, nenhum susto, nenhuma intercorrência. A não ser com 35 semanas de gestação, quando ele simplesmente me avisa que no mês de Julho (é, o mesmo mês em que minha filha estava prevista para nascer) ele iria tirar férias e viajar para os Estados Unidos, e que era melhor que eu procurasse um outro obstetra o quanto antes. Simples assim.

Saí do consultório abalada. Lembro que saí chorando e morrendo de medo. Me senti um nada, ele não se preocupou, não teve um mínimo de respeito, nem comigo e nem com a minha filha. Mas mesmo abalada, ainda tinha que resolver, com minha filha prestes a nascer, quem é que estaria ao meu lado. Resolvi marcar com um obstetra com quem eu tinha passado uma vez enquanto o meu viajava.

Médico extremamente educado e simpático. Muito diferente do anterior. Começamos a conversar, expliquei toda minha vontade de fazer um parto normal e que tinha me preparado a gravidez inteira para isso. Ele concordou comigo, disse que eu tinha 20 anos, saudável e que tinha tudo para ter um parto normal, que cesárea nem pensar. Ele me ganhou, me pareceu extremamente confiável. Seria esse então, o médico que estaria ao meu lado durante o nascimento da minha filha. Burra duas vezes.

Um dia antes de completar a 39ª semana, dia 12/07/2011 passei por mais uma consulta de rotina. O médico me pediu um ultrassom pois disse que há 3 semanas a minha autura uterina permanecia a mesma e que poderia haver um retardo de crescimento. Lembro que fui tranquila, não sei, mas tinha a certeza de que não havia nada errado. E não havia mesmo. Alice estava com tamanho normal, tinha crescido e pesava aproximadamente 3.650 kg. O médico do ultrassom me disse que estava tudo bem e que eu poderia levar os exames para o meu obstetra. 

- Eu sei que você quer ter um Parto Normal, mas este ultrassom está me deixando preocupado.
- Preocupado? Mas acabei de ver que está tudo bem, que ela cresceu normalmente.
- É, por enquanto ainda está tudo bem, mas por enquanto. Sua placenta está praticamente calcificada, além dela poder parar de passar nutrientes a qualquer momento a gente ainda corre o risco dela meconiar. 
- Ãhn?
- É, ela pode liberar e aspirar o mecônio a qualquer momento, entrando em sofrimento. Além disso ela está com 3.650 kg, e você é muito pequenininha, mesmo com anestesia vai ser um parto muito sofrido, você não vai aguentar.

Eu lembro de ficar quieta. Não conseguia pensar em mais nada. Ficamos em silêncio. Quando ele voltou a falar:

- Eu sei que você quer muito um parto normal, e eu também acho muito melhor. Porém há riscos e você tem que querer o melhor para a sua filha, certo?
- Sim, mas é necessário mesmo uma cesárea?
- Olha, eu até posso esperar se você quiser. Mas eu não esperaria. Se esperarmos você estará assumindo esse risco. 

Como assim, assumir o risco? Eu queria um parto normal, mas sem colocar em risco a saúde da minha filha. 

- Então tá, amanhã a gente te interna as 8:30 am. Até amanhã!

Filhos



"Devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los autônomos, libertos, até  de nossas ordens. A partir de certa idade, só valem conselhos.

Especialistas ensinaram-nos a acreditar que só esta postura torna adulto aquele bebê que um dia levamos na barriga. E a maioria de nós pais acredita e tenta fazer isso. O que não nos impede de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.

Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.

Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.

Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então, de quem são nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos que são deles próprios, donos de suas vidas, porém, um tempo precisaram ser dependentes dos pais para crescerem, biológica, sociológica, psicológica e emocionalmente.

E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento? Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice? Pensar assim é entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são do mundo!

Volto para casa ao fim do plantão, início de férias, mais tempo para os fllhos, olho meus pequenos pimpolhos e penso como seria bom se não fossem apenas empréstimo! Mas é. Eles são do mundo. O problema é que meu coração já é deles.

Santo anjo do Senhor…

É a mais concreta realidade. Só resta a nós, mães e pais, rezar e aproveitar todos os momentos possíveis ao lado das nossas ‘crias’, que mesmo sendo ‘emprestadas’ são a maior parte de nós !!!"

José Saramago (Há um comentário que nega a autoria deste texto, fica assim aqui o registro.)

Voltamos!


Voltamos de viagem. E tudo foi bem mais tranquilo do que eu pensava que seria. Sofro de antecipação. E a toa. Então pensando em tranquilizar algumas mamães, tomei a liberdade de escrever como foi. Claro que essa foi a nossa primeira e única viagem por enquanto, e isso não me torna uma especialista, mas acho que pode tirar algumas dúvidas e preocupações, né?

A viagem de carro: A minha maior preocupação, porém para minha surpresa foi tranquila. Mais tranquila do que eu poderia pensar. Como estava fazendo calorzão, meu medo era o Sol e o calor, mas na verdade o que aconteceu foi que choveu o caminho inteirinho. E era chuva forte, aliás. Minha mãe foi dirigindo e eu fui atrás, com a Alice. Estava receosa dela se irritar na cadeirinha e ficar chorando, querendo sair e nós termos que parar o tempo todo. Mas ela foi uma fofa, muito bem comportada. Mal saímos do portão de casa e ela já estava dormindo. E essa soneca durou a viagem toda. No caminho paramos para comer, descemos com ela do carro, e ela continuou dormindo. Retomamos o caminho para São Paulo e ela continuava dormindo. Chegamos, e ela só acordou no momento em que descíamos com ela do carro. A volta foi tão tranquila quanto a ida. No momento em que estávamos saindo ela dormiu e continuou assim o trajeto inteiro. Acordou quando chegamos em casa e tive que tirá-la do carro. Então a minha recomendação é de que se a viagem for de carro, aproveitar o horário das sonecas. Assim evitamos que eles fiquem irritados, entediados e queiram ficar saindo da cadeirinha toda hora.

A mala: Não queria levar muitas coisas e como fomos para ficar na casa da minha tia, pude economizar bagagem. Não precisei de berço e nem de banheira. Talves se fôssemos ficar em hotel, seria uma preocupação. E só de não levarmos isso, economizamos bastante espaço. Então além do carrinho (que foi desnecessário), levei apenas fraldas e roupas. O pijama, uma troca por dia e mais duas trocas "reservas". Como a previsão era de chuva, só levei roupinhas de frio. E acertei. Levar apenas o essencial.

Os passeios: Choveu todos (isso mesmo, t-o-d-o-s) os dias em que ficamos por lá. O que foi uma pena. Não deu para irmos em lugar nenhum, além da casa das minhas tias. Não pude ir no Ibirapuera nem levá-la para passear por lá. O máximo foi na Rua Augusta (que tanto amo) para comprarmos uma roupinha em uma loja que sou apaixonada. Só. São Paulo com chuva não é bom para bebês. Porque de carro fica impossível e de metrô é complicado. Dias de Sol, por favor!

Sobre a rotina: Tentei manter o máximo. Horário de banho e hora de dormir. Deu certo, permaneceu dormindo e acordando nos horários de sempre. Sem esforços. Ficou um pouco agitada porque era passada de colo em colo, dormia picado durante o dia. Então sempre no finalzinho da tarde começava a ficar enjoadinha e só colo de mãe resolvia. Mas assim que acordava de manhã estava de bom humor e saía distribuindo sorrisos e simpatia. Não puxou a mamãe, fato.

Foi bem tranquilo. Achei que ia ficar "corujona", ciumenta. Que ia me estressar e não ia curtir. Mas fui tão tranquila que nem eu mesma acreditava.  Gostei tanto desse passeio que irei repetir a dose. Daqui 15 dias é o aniversário da minha priminha, e pretendo voltar. Vai ser em uma fazendinha, ao ar livre, com bichos, brincadeiras, cerâmica... Espero que dessa vez a chuva vá embora e saia um Solzão. Para que eu possa levar a pequena conhecer a cidade que eu tanto amo e a aproveitar muito.

Os 3 meses e a Primeira Viagem

 Ontem, aproveitando o dia das crianças e comendo a mão - que é uma delícia!

Amanhã eu e Alice faremos nossa primeira viagem juntas. Não será uma viagem longa, cerca de 100 km entre Itu e São Paulo. Em torno de 1h e 30m estaremos na cidade grande, prontas para visitarmos a família e passearmos bastante. Apesar da viagem rápida, por ser a primeira vez que vou ficar fora com ela, estou um pouco receosa.

A Alice é tranquila demais, fácil demais, muito boazinha mesmo. Mas essa mudança de ares, a "quebra" de sua pequena rotina, a grande quantidade de pessoas, toda essa agitação me deixa com o pé atrás. Eu, com 21 anos, muitas vezes fico cansada e estressada durante minhas idas a São Paulo, então imagino que a pequena no auge dos seus 03 meses (completados hoje) também possa ficar. Então estou tentando me programar e o que fazer para não agitá-la demais, para que ela sinta o menos possível toda essa mudança.

Além disso uma preocupação grande é a mala dela. Como pode, uma coisinha tão pequenininha precisar de tanta coisa?! Estou tentando ser o mais prática possível, mas com bebês isso nem sempre rola. Quem mora em São Paulo sabe que a cidade é imprevisível Podemos sair de manhã com um calor insuportável e durante o dia passarmos o maior frio, então imaginar como estará o tempo fica complicado. Além disso é uma quantidade razoável de roupas e fraldas que temos que levar, mesmo para apenas um fim de semana. Sem contar nos trambolhos: bebê conforto, carrinho, banheira.

E um outro problema é que como a cidade é aqui do lado, vamos de carro e muito provavelmente logo depois do almoço. Então Alice terá que ficar na cadeirinha a viagem inteira e provavelmente estará Sol e calor. Se ela estiver dormindo, facilitará muito as coisas, mas se ela estiver acordada vou ter que distraí-la para que não fique brava e nem resmungando por não estar no colo. Então estou programando amamentá-la e assim que ela dormir, pegar a estrada. Para evitar ter que ficar parando para alimentá-la ou pegá-la no colo.

Apesar dessas preocupações, não acho que será um bicho de sete cabeças. Li algumas coisas, meio por cima, sobre viajar com bebês, e no geral as recomendações são de que devo esperar até o primeiro ano de vida dela. Mas indo na contra-mão vamos amanhã mesmo, com seus, recém completados, três meses. O que facilita um pouco a viagem é exatamente ela ser tão nova. Como ela mama exclusivamente no peito, quando sentir fome, é só dar de mamar e pronto. Rápido e prático.

Alice ainda não anda, não corre e não fica mexendo em nada. Então é bem simples sair com ela. Só levá-la no colo ou no sling. O carrinho eu vou deixar para o horário de dormir, para não ter que me preocupar com colchão, com berço portátil... Coloco na cama ao meu lado e pronto, ela dorme numa boa e tranquilamente. De resto é só prestar atenção e ter os cuidados básicos que tudo dará certo.

Sobre passeios, ainda não sei. Não que ela entenderá ou se lembrará, mas pra ela o que importa é estar comigo. Então quero aproveitar e dar uma passeada. Antes do seu nascimento eu ia a São Paulo quase todo final de semana, e agora sinto muita falta. Então quero passear, tirar fotos, mas queria algum lugar que seja adequado levá-la, sem muita muvuca... O Ibirapuera é certo, mas e de resto, o que posso fazer, alguém tem alguma dica?!

Sobre os 03 meses:

• Alice consegue ficar bem mais tempo acordada, chega a ficar cerca de 2 horas acordada. E de bom humor.
• Alice quando está com sono fica esfregando os olhinhos e arrancando os cabelos. É só colocá-la no peito que em questão de segundos dorme.
• Perdeu muito cabelo. Está com falhas enormes. Mas continua cabeludinha.
• Fala, fala, fala. Muito fofoqueira. Se está acordada, está falando. E gritando. É muito simpática, conversa com a televisão (que por sinal ela adora e presta muita atenção), com qualquer pessoa que fale com ela, e com as amigas girafas.
• Agora quando está incomodada com algo já não chora, resmunga. Briga. Se quer mudar de posição, não é mais aquele chorinho incomodado, são gritos, resmungos.
• Continua sem aceitar a chupeta. Mas agora come a mão. Não os dedos. A mão inteirinha mesmo. Não importa se acabou de mamar, se ela está com a boca livre, vai lá e enfia a mão inteira e começa a chupar com força. Depois tira a mão, faz cara de ânsia e volta a colocá-la na boca. Eternamente.
• Continua mamando muito bem. Quase uma bezerrinha. Adora mamar e agora aperta meu peito com as mãozinhas. Aperta, faz carinho. Não sei se ela sabe o que faz, mas é uma delícia.
• Premanecemos na cama compartilhada, e agora ela me empurra. Vai se espreguiçando, se ajeitando e me empurrando. Não quer nem saber se estou confortável ou não.
• No mais, continua uma fofa e já dorme a noite inteira.

Por que a homeopatia?



O que é? A homeopatia é uma das práticas da medicina que cuida do paciente e não da enfermidade. Ela tem a proposta de repensar os conceitos de saúde. A Lei dos Semelhantes, é uma das bases dessa modalidade da medicina. “ Os semelhantes se curam pelos semelhantes”. O que significa que para tratar um indivíduo doente é necessário aplicar um medicamento que apresente  os mesmos sintomas que o paciente apresenta. A partir dessa observação, é proposto um tratamento individualizado, onde os pacientes são avaliados, não só pelas doenças mas também por suas emoções. Por isso, a homeopatia é conhecida como uma medicina feita sob medida. Os medicamentos homeopáticos são derivados de substâncias naturais - vegetais, minerais e animais. A prescrição homeopática depende das particularidades de cada paciente.


Quando pequenas, eu e minha irmã, sempre fomos tratadas com homeopatia e minha mãe garante que os resultados sempre foram ótimos. Apesar disso, conforme fui crescendo, acabei "abandonando" a homeopatia porque tinha a impressão de que não passava de efeitos psicológicos e comecei a me tratar com alopatia, porque antibiótico "é o que realmente funciona".

Só que essa impressão caiu por terra quando, durante a minha gravidez, meu pai foi interado com pneumonia em consequência da bronquite alérgica que meu pai tem. Ele realizou o tratamento convencional, foi bombardeado com antibióticos + corticóides. Ficou bem e, em menos de dois meses depois, foi internado novamente com o mesmo diagnóstico, só que dessa vez o quadro havia se agravado. Minha mãe começou a correr atrás de outras soluções e foi quando se lembrou do nosso antigo homeopata e foi atrás dele. Meu pai começou o tratamento e em dois (D-O-I-S) dias depois estava muito melhor, e desde então não teve mais nenhuma crise e está com a bronquite controlada.

Como isso aconteceu bem na minha cara eu comecei a me preocupar com a forma que encararia os cuidados com a Alice após o nascimento. Com meus primos, presenciei muito pediatra prescrevendo antibiótico por qualquer "coisinha" e quando este não funcionava, a dose era aumentado ou o remédio trocado por outro ainda mais forte. A minha adoração por antibióticos tinha acabado e eu não queria submeter a Alice a todos os efeitos colaterais neste "tipo" de tratamento.

Então durante a gravidez comecei a buscar indicações de pediatras e numa dessas buscas, encontrei a Drª Nomra, uma conceituada pediatra que além de homeopata era vegetariana. Não achei que seria possível encontrar uma pediatra que tivesse as mesmas convicções que eu, mas encontrei. E eu precisava de qualquer forma conhecê-la e descobrir se seria ela a pediatra da minha filha. Não que ser vegetariana fosse essencial, mas é muito mais fácil seguir orientações de alguém que tem as mesmas convicções que você, porque assim eu me sentiria muito mais confiante em cada escolha que fizesse.

Assim que Alice nasceu, marquei uma consulta e de cara me encantei com a pediatra. Confesso que ela não é muito simpática, mas é extremamente atenciosa, cuidadosa, experiente e o melhor: atende nosso plano de saúde. Nossa primeira consulta durou em torno de 1 hora, o que é o máximo em termos de plano de saúde. Fez uma série de perguntas sobre a nossa família, sobre a gravidez, questões pessoais, qualquer coisa que pudesse refletir na Alice.

Depois dos exames de rotina, me explicou como funciona a homeopatia e se mostrou aberta a usar alopatia associada a homeopatia quando necessário. Além disso me passou todos os seus telefones de contato, desde o telefone do consultório como o do seu celular e da sua casa. Achei extremamente importante o fato dela se dispor a passar seus telefones pessoais, coisa rara em termos de médicos de convênio. Pediu que ligasse caso eu tivesse qualquer dúvida e que não me preocupasse se fosse fora de hora. Se mostrou extremamente disposta a realizar seu trabalho. E me ganhou, é claro.

Eu me encontrei com essa pediatra, tanto que quando ela me contou que pensava em sair do convênio devido ao baixo valor pago pelas consultas, entrei em contato com a ouvidoria do plano de saúde e deixei minha reclamação. O plano de saúde entrou em contato comigo e com a Drª Norma e negociou com ela, conseguindo que ela continuasse atendendendo o convênio (ponto para o convênio, Intermédica, que se mostrou interessado na opinião dos seus clientes). Então, aqui Alice é tratada com homeopatia, toma um remédio estrutural, que interfere em sua imunidade e que é adotado de acordo com as características -físicas e psicológicas- e dá suporte às demais substâncias. E eu fico muito mais tranquila tendo uma pediatra que confio - de verdade - ao nosso lado.

A dor de vê-la sentindo dor.




Se eu sou a favor das vacinas? Não. O Estado investe na criação dos medicamentos para curar problemas causados pela falta de alimentação, higiene, rede de esgotos, educação e pela falta de prevenção adequados. Pra mim, é abafar o sintoma sem combater as causas. Alice é tratada com Homeopatia, e sua pediatra também não é a favor de todas as vacinas, porém aqui no Brasil é lei, e eu sigo o calendário obrigatório. Só que deixei atrasar (propositalmente) a vacina dos dois meses, então prestes a completar seu 3º mês de vida Alice tomou hoje a vacina do 2º mês.

Mas não é sobre ser a favor ou não que eu vim falar hoje. Alice está tendo algumas reações à vacina e só agora eu percebi que eu não estou – e nunca vou estar – preparada para vê-la sentir dor. Dei os remédios orientados pela Homeopata antes da vacinação achando que ela dificilmente apresentaria qualquer sintoma, mas me enganei e não está sendo bem assim.

Quando tomou a Sabin e a Rotavírus que são orais, ela simplesmente vomitou TUDO. Tendo assim que tomar novamente. Depois foi a vez da Tetra e da Hepatite. Alice chorou, chorou sentida, mas por pouquíssimo tempo. Coloquei ela no peito e o choro passou rapidamente, inclusive ficou brincando e dando risada pra mim e para a enfermeira. Tomou todas as vacinas no Posto e fomos muito bem tratadas, inclusive a enfermeira que aplicou a vacina ficou aguardando um pouco para ver qualquer possível reação e nos explicou o que era normal e o que não era. Passou o telefone e pediu que eu ligasse caso tivesse qualquer dúvida ou notasse qualquer diferença preocupante.

Chegamos em casa e eu já percebi o quanto ela tinha mudado. Estava bem quietinha, cara de dor e só queria saber de colo. Porém mamou e logo dormiu e dormiu bastante, durante umas 2:30 h. Mas quando acordou, acordou gritando, berrando, vomitou um monte e cada vez que eu colocava ela na cama ela chorava mais e mais, visivelmente com dor e incômodo. Fiquei desesperada, nunca tinha visto Alice chorar tanto. Alice é bem calma e vê-la assim foi desesperador. Fico sozinha com ela e comecei a chorar junto com ela.

Depois de respirar fundo percebi que alguém aqui precisava ficar calma e transmitir essa calma para ela. Então lavei o rosto, respirei fundo mais uma vez e comecei a raciocinar, ficar calma e assim acalmá-la também. Mas é horrível vê-la assim e não poder fazer absolutamente nada a não ser esperar. É um sentimento horrível, de impotência. Ver sua filha incomodada, com dor e não poder fazer mais nada. E aí eu percebi o quanto as coisas não são sempre como nós gostaríamos, o quanto não adianta planejar tudo, algumas coisas simplesmente não estão ao nosso alcance e não temos o poder de controlar tudo o quanto gostaríamos. O que dói nela, dói muito mais em mim. Só não imaginava que seria tanto assim. Ser mãe é realmente ter o coração fora do peito.

Agora Alice está mais calma. Estou aqui, ao lado dela, observando qualquer movimento. Tenho a sensação de que ela está mais calma, está com uma carinha um pouco melhor, está gemendo bem menos, parou de chorar, está menos assustada. Daqui um ou dois dias ela, provavelmente, nem lembrará do ocorrido, mas eu vou. Vai ficar marcado cada detalhe, cada angústia, cada medo que senti ao vê-la assim. É difícil demais vê-la assim e não poder fazer nada a não ser dar muito amor, muito carinho, muito beijo, muito cuidado e ter muita paciência... Deveria ser proibido à uma mãe ver a filha desse jeito. Mas ninguém disse que seria fácil, né?

* Imagem retirada daqui.

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