Sobre o Nascimento - Parte III

Depois de toda aquela burocracia de assinar os papéis, pedir autorização do plano de saúde e ser instalada no quarto, me entregaram aquela roupinha ridícula de cirurgia. Aquela mesma, com as costas aberta. Terminando de me vestir, a enfermeira apareceu com uma cadeira de rodas para me buscar. Fui levada para sala de pré parto.

Uma enfermeira, bem grossa por sinal, veio até mim e começou com um interrogatório. Eram uma série de perguntas das quais não me lembro. Estava com medo demais para prestar atenção nisso. E preocupada porque minha mãe ainda não estava ali, do meu lado. Colocada a sonda sensação horrível me levaram direto para o centro cirúrgico.

Enquanto meu médico não chegava, tive chance de conhecer o anestesista. E ainda bem. Acho que percebendo a minha tensão, ele começou a conversar comigo, a me acalmar. Lembro que começou falando sobre as minhas tatuagens e perguntando porque eu estava nervosa, do que tinha medo. Começou a me explicar sobre a anestesia, o que eu sentiria. Mas de uma forma muito calma, o que fez com que eu fosse me tranquilizando. Agradeço muito por ter encontrado com ele, ali, naquela situação. Nessas horas a gente vê o quanto alguém que te ouve, que te dê atenção nos ajuda. Durante a cirurgia toda, ele ficou do meu lado, mexia no meu cabelo por baixo da touca. Tive sorte.

Assim que tomei a anestesia, minha mãe entrou e sentou ao meu lado. A cirurgia não teve nada demais. Tudo ocorreu dentro do esperado, não senti absolutamente nada a não ser um desconforto e muita pressão. Meus braços abertos, como em um crucifixo, me impediam de ter qualquer movimentação. E a visão que eu tinha era a de um pano azul. Durante toda a cirurgia eu fiquei acordada, não senti sono, fiquei conversando com a minha mãe, esperando pelo nascimento da minha filha.

Não vi o nascimento da minha filha. E nem o senti. Só ouvi. Enquanto estava vendo aquele pano azul, ouvi minha mãe fazendo "own" e imaginei que ali nascia a minha Alice. Ela não chorou, apenas resmungou. O médico me disse que ela tinha um bocão e que era muito saudável. A enfermeira trouxe ela ao meu lado e eu não pude tocá-la, não pude beijá-la. Só consegui dar uma olhadinha rápida e me apresentar:

- Oi bebê, eu sou a sua mãe.

5 comentários:

Rafaella disse...
4 de novembro de 2011 às 11:38

Ai que fofo...
O primeiro contato...
E nada como ter a mãe ao lado para apoiar...
bjos

Glauh Pima disse...
4 de novembro de 2011 às 13:00

Ai é tão gostoso esse primeiro contato, é unico e indiscritivel...
Beijos flor valew pela força

Anônimo disse...
4 de novembro de 2011 às 20:00

Yasmim. Você me fez relembrar um momento mágico. Beijos e ótimo fim de semana!

Lily disse...
7 de novembro de 2011 às 14:56

O parto da Gabi tb foi cesarea e eu tb estava super nervosa. O anestesista tb foi a pessoa q me acalmou e ficou do meu lado conversando o tempo td. Parecia q era a unica pessoa naquela sala q estava preocupada comigo, todos os outros estavam mais preocupados com a Gabi :-)

Juliana disse...
8 de novembro de 2011 às 10:38

Sabe, minha Bebel também nasceu de cesárea. Também adorei o anestesista, que tinha feito medicina com minha mãe e era amigo de seminário do meu pai!
Mas, como minha cesárea foi planejada e desejada, confesso que gostei de tudo! Tive um pouquinho de medo, mas minha médica me acalmou. E maridão ficou comigo o tempo todo!!
E esse primeiro contato com o nosso maior tesouro, a gente nunca esquece!!!
Bjos!
Juliana Almeida
www.blogdabebel.com.br

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