Na última sexta feira Alice completou 6 meses. Um marco, meio ano. Foram 6 meses de muito amor, de muito carinho, de muita dedicação, muitas descobertas... E a partir de agora Alice iniciará uma nova fase... Durante esse tempo, Alice foi amamentada exclusivamente com leite materno e em livre demanda. Não foi fácil, foi cansativo, com alguns empecilhos, dificuldades, a alergia alimentar, encontrei pelo caminho falta de incentivo, muitas vezes, inclusive, pensei em desistir, em seguir outro caminho. Ainda bem que não o fiz, porque hoje eu posso comemorar: eu consegui! Durante esses 6 primeiros meses de vida, consegui oferecer para minha filha o melhor alimento que ela podia receber, e isso me realiza muito, como mãe e mulher.
Eu nunca pensei em não amamentar. Sempre quis e desejei muito, apesar de muito natural na minha cabeça, morria de medo de não conseguir. Durante toda a gravidez o colostro nem deu sinal e somado ao fato de ter feito uma cesárea sem entrar em trabalho de parto, o medo tomava conta de mim. Porque tantas vezes tinha lido sobre a demora do leite em descer, a falta de leite, a dor para amamentar, as fissuras...
Ainda na primeira hora de vida, Alice veio para o meu colo. A enfermeira disse que eu poderia tentar amamentar, mas que eu não me preocupasse se ainda não tivesse leite. Sem poder levantar a cabeça, lembro que encaixei-a em meus braços e conversando com ela expliquei o quanto eu desejava amamentá-la, que o meu leite era muito importante para o seu desenvolvimento, mas que eu não a pressionaria, que ela teria o tempo dela e que eu teria toda a paciência para que ela mamasse o tempo que quisesse.
Ela estava tão quietinha, se aninhando em meus braços, quando ela pegou o meu mamilo e sugou. Sugou tão direitinho, parecia que tinha passado a vida toda fazendo aquilo. E eu chorei e agradeci muito por ela ter conseguido assim de primeira. E o mais incrível é que até então nenhuma gota de colostro tinha surgido, até o momento certinho, em que Alice mamou pela primeira vez.
Durante esses 6 meses, muita gente deu pitaco, tive muita gente dizendo que não precisava amamentá-la exclusivamente com o meu leite, muita gente achando frescura, a alergia dela... Confesso que amamentá-la em livre demanda foi cansativo... Algumas vezes cheguei a pensar que não precisava disso tudo, que eu não conseguia fazer outra coisa a não ser estar disponível pra ela... Quando isso acontecia, eu só me colocava no lugar dela e pensava que 6 meses pra mim era pouco perto dos meus 21 anos de vida, mas que perto dos seus 2/3 meses, 6 meses fariam muita diferença, então eu respirava acabei conseguindo relaxar de vez...
Quando Alice completou 6 meses, fiquei ansiosa, por não amamentar exclusivamente, por ela conhecer outros sabores, por ter que oferecer outro tipo de alimento, e por ela não depender mais única e exclusivamente de mim. Uma pontinha de ciúmes, é verdade. Até que minha mãe me disse que ela ainda ia continuar dependo muito de mim, que essa é uma fase muito especial, que é maravilhoso ver nossos filhos se desenvolvendo e explorando as novidades. Foi quando do nada, seguindo meus instintos, depois de amamentá-la, ofereci uma banana, não amassada, mas um pedaço, pra que ela sentisse, cheirasse e tocasse. Ela chupou/mordeu/sugou e adorou. E foi assim a sua introdução aos sólidos... Essa nossa nova fase!
Não foi nenhum bicho de 7 cabeças, mas também não foi nenhum mar de rosas. Consegui chegar aos 6 meses de amamentação exclusiva com a Alice e atribuo isso a alguns fatores:
1) Eu sempre tive a certeza de que amamentá-la era o melhor que eu poderia fazer por ela nos primeiros meses de sua vida.
2) O apoio da minha mãe e do pai dela, que sempre me disseram que tudo o que ela precisava era o meu peito: para alimentá-la, para nutrir emocionalmente, para acalmá-la...
3) Ignorar palpites de que tenho pouco leite, de que ela mama muito, de que fica muito no colo, de que vou estragá-la...
4) Ler muito e encontrar muita informação nos sites e grupos a favor da amamentação exclusiva.
5) Minha alimentação ser saudável e beber muita água.
6) Abdicar de muitas vontades e muitas necessidades para poder estar disponível e me dedicar a amamentar, mesmo cansada, com dor, triste, querendo sair, querendo dormir, querendo sair da dieta louca em que eu ainda me encontro...
7) Entender que em alguns dias, em alguns picos de desenvolvimento Alice precisava de mim quase que exclusivamente.
E é por isso que hoje eu comemoro. Confesso que fiquei com medo de fazer esse post e algumas pessoas me entenderem mal, de passar a impressão de que me acho a melhor, ou aquele papo de mais mãe. Mas aí parei para pensar e descobri que se eu não puder comemorar minhas vitórias, o que é importante para mim, no meu lugar, no meu espaço, aonde mais vou poder comemorar? Sei que algumas mães optam por não amamentar, ou não podem, e eu não as julgo, na verdade isso não interfere em nada na minha opinião sobre a pessoa, sei que todas nós somos guerreiras, batalhadoras e que fazemos o melhor que podemos para criar e cuidar de nossos pequenos... Mas eu jamais poderia deixar esse marco tão importante na minha vida e na da Alice passar em branco. Eu estou realmente com a sensação de missão cumprida, de realização... E muito, muito feliz, por ter o privilégio de me doar esses 6 meses quase que exclusivamente a Alice... E tenho certeza de que ela também!